É muito importante entendermos bem o que é
arrependimento. Nós estamos rodeados de conceitos do mundo e de conceitos
religiosos que não definem exatamente nosso problema com Deus. Ora, se não
entendermos bem qual é o problema como podermos saber qual é a solução? Todos
que ouvirem o evangelho devem ter esta luz, este entendimento: qual é o seu
problema com Deus, e qual a solução do problema.
Para poder compreender, devemos analisar como tudo
começou, como foi a queda do homem (Gn 3.1-7). Aqui nós temos a descrição da
entrada do pecado no mundo. Geralmente se diz que o pecado de Adão foi a
desobediência, mas isto não define exatamente o problema. Na verdade a
desobediência já é um fruto do pecado, é uma consequência do pecado e não o
próprio pecado.
A Raiz do Problema
A chave para chegarmos a este entendimento está nas
palavras: “…como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal.” (vs.5) e “…árvore
desejável para dar entendimento” (vs.6). Por que o conhecimento era tão
tentador para Adão? Por que queria tanto ter entendimento, a ponto de se
arriscar ao castigo da morte que Deus tinha prometido? É simples. Até aquele
momento, ele vivia numa relação de total dependência de Deus, necessitava da
orientação de Deus para tudo, era dirigido por Deus e pela sua sabedoria (ver
Pv 8.22-31). Para que ele queria o conhecimento e a sabedoria que vinham de uma
árvore e não de Deus? Adão queria dirigir a própria vida, queria fazer sua
própria vontade, ser seu próprio Deus. Adão queria INDEPENDÊNCIA.
Isto não foi algo que Adão fez, foi uma decisão
interior no seu coração. Uma disposição de ser INDEPENDENTE, de ser o dono de
sua própria vida. O pecado foi consumado pela sua desobediência, mas foi gerado
por uma atitude interior de rebelião.
Quando Adão pecou, sua própria natureza humana se
degenerou. O pecado se tornou parte de sua natureza, e, portanto, a herança de
toda raça humana, pois todos são descendentes dele.
Rm 5:12 Portanto, assim como por um só homem entrou
o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos
os homens, porquanto todos pecaram.
Gn 5:3 Adão viveu cento e trinta anos, e gerou um
filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e pôs-lhe o nome de Sete.
O problema de Adão, agora é o problema de toda raça
humana. Qual é o nosso problema então?
O nosso maior problema aos olhos de Deus não está
nas coisas erradas que fazemos, mas sim na nossa atitude interior de INDEPENDÊNCIA
e rebelião. Todos os pecados que cometemos são consequência desta disposição
interior. Quando no meu interior há uma atitude de independência (sou dono da
minha vida, faço a minha vontade), como consequência disto, os meus atos e as
coisas que vou fazer no meu dia a dia não vão agradar a Deus. Entendemos então,
que o problema principal é A INDEPENDÊNCIA (o pecado), enquanto que os atos
pecaminosos (os pecados) são a consequência.
Aqui cabe uma pergunta: É suficiente que o homem
abandone alguns pecados mais grosseiros (como os vícios, a orgia e a
idolatria), e creia em Jesus para o perdão dos pecados, sem, no entanto,
resolver o seu problema fundamental que é a independência? A resposta é NÃO.
Deus quer atingir a raiz do problema. Ele quer que mudemos de atitude, que
abandonemos a INDEPENDÊNCIA e nos tornemos DEPENDENTES de Deus. A palavra do
evangelho de Jesus, não é para curar superficialmente a ferida do homem. Deus
quer tratar a causa do problema e não apenas a consequência. E para isto Ele
mandou o seu filho Jesus. Ele não veio trazer apenas o perdão dos pecados, mas
veio trazer a solução do problema do pecado e da rebelião. E como fez isto?
Pregando o evangelho do reino (Mt 4.23; 9.35; Mc 1.14,15; Lc
4.43; 8.1; 9.60; 16.16). Os apóstolos também pregaram o evangelho do reino (At
8.12; 19.8; 20.25; 28.23,30,31).O que é o evangelho do reino? O evangelho do
reino é o fim da rebelião e da independência do homem. Deus quer perdoar, mas
também quer governar, quer reinar sobre o homem.
O que é Arrependimento?
E este é o significado do arrependimento. No grego
a palavra que aparece é “metanóia”, que significa mudança de mente, mudança de
atitude interior. Que mudança é esta? É a troca de uma atitude de INDEPENDÊNCIA
para uma atitude de DEPENDÊNCIA. Da atitude de rebelião (faço o que eu quero)
para a atitude de submissão (pertenço a Deus para fazer a sua vontade). Quando
mudamos a nossa atitude para com Deus, mudam também os nossos atos. Quando
mudamos somente os nossos atos (deixamos de fazer algumas coisas que
consideramos muito erradas), mas continuamos no interior com uma atitude de
independência, estamos ainda em rebelião e necessitamos de arrependimento.
Vejamos a ilustração da árvore:
Os galhos representam os pecados( os atos
pecaminosos) e o tronco da árvore representa o pecado (a atitude de rebelião e
independência) Se cortarmos apenas os galhos ( os pecados) e deixarmos o tronco
( o pecado) o problema continua e logo os galhos crescerão novamente.
Necessitamos cortar a raiz. Como fazer isso? Arrependendo-se isso é a atitude
que nos leva ao abandono completo da independência e rebeldia e nos direciona
aos propósitos de Deus.
E também agora está posto o machado à raiz das
árvores; toda a árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no
fogo. Mateus
3:10
O que o arrependimento produz?
Pelo conceito comum, arrependimento é um mero sentimento de tristeza pelos pecados cometidos. Agora, Deus está nos revelando algo mais sólido: por meio do verdadeiro arrependimento, temos o nosso interior totalmente mudado, vivemos uma nova vida, estamos com uma atitude correta diante do nosso Senhor. ALELUIA!
Toda a pregação de Jesus estava impregnada dessa mensagem. Jesus não
pregava um evangelho “fofinho”, um evangelho de ofertas, mas pregava um
evangelho contundente e extremamente exigente. Toda a sua pregação visava levar
o homem a um verdadeiro arrependimento, a uma revolução interior. Ele mostrou
de que maneira prática o homem poderia experimentar este arrependimento.
O que é necessário para se arrepender?
Mc 8:34-35 E chamando a si a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se
alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me. Pois
quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor
de mim e do evangelho, salvá-la-á.
Lc 14:33 Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo
quanto possui, não pode ser meu discípulo.
Que é necessário para se arrepender e se tornar um discípulo de Jesus?
Basicamente quatro coisas:
·
Negar-se a Si mesmo (Mc 8.34). Não é negar apenas alguns pecados. É...
·
Tomar a cruz (Mc 8.34). Mas que é tomar a cruz? É...
·
Perder a vida (Mc 8.35). Como ocorre isto? Devo morrer literalmente? Não.
Esta é uma realidade espiritual, é o próprio arrependimento. Até hoje, a vida
era minha, eu era meu dono. Mas agora, eu perco minha vida porque a entrego
para Deus. A partir de hoje Ele é o meu dono. Deus só pode governar a minha
vida se eu a entrego voluntariamente. Mas para fazer isto eu devo estar
disposto a perdê-la. Mas arrependimento também envolve...
·
Renunciar a tudo que possui (Lc 14.33). Se eu próprio já não pertenço a
mim mesmo, muito mais as coisas que eu possuía. Agora tudo pertence a Deus. Família,
emprego, casa, móveis, automóvel, salário, poupança, etc, tudo é de Deus.
Mas agora temos mais uma pergunta a responder: É esta a mensagem que a
igreja tem pregado? Lamentavelmente não. A pregação da igreja tem sido muito
mais a de um evangelho de ofertas do que do evangelho do reino. Mas alguém
diria que não. Alguém diria que ultimamente Deus tem levantado a muitos na
igreja falando sobre o reino e proclamando que Jesus é o Senhor. Bem, isto é
verdade. Mas na essência a igreja não tem mudado muito a sua mensagem. Vamos
analisar isto:
Quando Jesus colocava as condições do reino, Ele sempre começava com “se
alguém quer ser meu discípulo…”, e logo a seguir vinham as condições. Estas
eram condições para ser um discípulo, para ser um convertido, um salvo. Eram
condições para entrar no reino de Deus. Não era uma opção para ser mais
consagrado, para crescer na fé, ou para se tornar pastor. O arrependimento, com
tudo o que ele significa e produz, está na PORTA DE ENTRADA e não no caminho.
Muitos estão pregando um evangelho “fofinho” (creia e mais nada), e depois
querem estreitar o caminho. Mas quem vai querer perder a vida se na entrada já
lhe prometeram salvação e vida eterna sem condição nenhuma? Esta pregação tem
enchido a igreja de religiosos que não estão submissos a autoridade de Jesus.
Devemos mudar esta situação, e o principal para isto é entender que:
A Submissão Total a Autoridade de Jesus não é uma Opção para o Salvo,
mas uma Condição para Ser Salvo.
Três tipos de pessoas
Em face desta verdade podemos observar que hoje há no mundo três tipos
de homem. O primeiro não quer saber de Deus. O segundo está muito interessado
em Deus. O terceiro vive para Deus. São eles:
O Incrédulo: Não
quer dizer necessariamente ateu. É alguém que não tem interesse em Deu. Qual é
o seu problema? É que governa a sua vida. Controla todas as áreas de sua vida
conforme a sua vontade e para seu próprio prazer. Tem o EU no centro de sua
vida. Ele vive para si mesmo.
O Religioso: É
muito diferente do incrédulo. Acredita em Deus, lê a Bíblia, ora, canta, vai a
reuniões, chama Jesus de Senhor, etc. Mas qual o seu problema? O mesmo do
incrédulo. Tem o EU no centro. Vive para si mesmo. E Deus? Deus existe para
abençoá-lo, curá-lo, servi-lo e salvá-lo. É um quebra-galho. Este está pior que
o incrédulo porque está se enganando.
O Discípulo: Não
vive mais para si mesmo. Vive para Deus. Toda sua vida está estruturada em
função da vontade de Deus. Jesus é o SEU SENHOR. Este experimentou um
verdadeiro arrependimento. Que diferença entre um discípulo e um religioso! Que
amor! Que prontidão! Que docilidade! Como cresce e frutifica! Graças a Deus
pela revelação do seu reino!
O verdadeiro arrependimento tira o homem do centro
e coloca Jesus no centro de tudo.
Você deve ler com atenção os textos abaixo para ter
mais esclarecimento e capacitação para ensinar a outros: Mt 5.20; 6.25-34;
7.13; 7.21-23; 8.18-22; 9.9; 10.37-39; 11.28-30; 13.44,45; 16.24,25; 19.29; Lc
9.23-26; 9.57-62; 12.29-34; 14.25-33; 18.18-30; Jo 12.24-26; At 3.19; 17.30.
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