O Batismo nas aguas
Este é o próximo passo para a porta do reino. Não é um passo do
caminho. Não é para depois de algum tempo de vida cristã. Está na PORTA. Quando
falamos sobre arrependimento necessitamos esclarecer a diferença entre o que a
Bíblia ensina e alguns conceitos errados que a igreja tem abraçado. Agora, ao
falar sobre o batismo, também necessitamos este esclarecimento, porque este
assunto do batismo, também está carregado de conceitos humanos que retiraram do
batismo a sua tremenda importância e o rebaixaram a um plano inferior,
afirmando que não passa de um mero “símbolo” de nossa morte com Cristo, ou,
pior ainda, um simples testemunho público de nossa fé, ou um ritual.
Mas
o batismo é mais do que isto? Afirmamos que sim. O batismo está revestido de
sentido e de realidade espiritual. Isto é o que nos afirma Jesus e os
apóstolos. Vejamos passo a passo o que as escrituras nos ensinam:
A Palavra de Jesus
Mt 28.18-20 "E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos."
Mc
16.16 "Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será
condenado."
No
texto de Mateus, Jesus colocou o batismo no início da vida com Ele. Primeiro
batizar e depois ensinar a guardar as coisas que Ele ordenou. Não diz que é
para primeiro ensinar e depois batizar.
O
texto de Marcos é mais forte, e muito claro: “Quem crer e for batizado será
salvo”. A igreja vive como se Jesus tivesse falado: “Quem crer e for salvo,
deve ser batizado”. Que autoridade temos para trocar as palavras do Senhor?
Porque a maior parte da igreja crê que o batismo não é importante para a
salvação? Se o batismo fosse apenas o que a igreja tem ensinado, Jesus nunca
diria o que disse. Será que Ele estava entusiasmado e exagerou um pouco?
Sabemos que não. Portanto, vamos devolver-lhe a autoridade. Vejamos como os
apóstolos interpretaram o ensino de Jesus sobre o batismo.
A Prática dos Apóstolos
Em todo o livro de Atos dos Apóstolos nós encontramos nove casos de batismo. Analisando todos estes casos nós podemos perceber um fato muito significativo. É algo comum a todos eles: em todos os casos o batismo foi imediatamente após receberem a palavra. Os apóstolos não esperavam nem sequer um dia. Há alguns casos que são até estranhos. Vamos vê-los:
No pentecostes (At 2.38,41): batizaram
três mil em um só dia. Por que isto? Por que não foram batizando aos poucos?
Por que não procuraram primeiro conhecer toda aquela gente? (Havia muitos que
eram de outras cidades)
Os samaritanos (At 8.12): o único
requisito era dar crédito a palavra do reino e ao nome de Jesus. Não era
necessário passar por provas nem necessitavam de meses de estudos bíblicos.
O etíope eunuco (At 8.36-38): Era um
gentio. Filipe nem o conhecia. Talvez por isso havia uma pergunta: Há algo que
impede que eu seja batizado? A resposta foi: é lícito te batizares. Novamente
não necessitava de uma escolinha para batismo.
Paulo (At 9.17,18; 22.13-16): Foi o caso que
mais demorou (três dias). Mas isto porque ele estava isolado e cego. Não havia
quem o batizasse. Ainda assim, quando Ananias foi até ele, perguntou: Por que
te demoras? (vs. 22.16).
Cornélio e a família (At 10.44-48): Aqui eram
muitos gentios que Pedro não conhecia, mas ele mandou batizá-los imediatamente,
mesmo sabendo que os judeus em Jerusalém iriam estranhar e questionar (ver cap.
11).
Lídia e a família (At 16.13-15): Novamente um
batismo imediato. E era uma mulher gentia.
O carcereiro e sua família (At
16.30-34): Este é o caso mais interessante. O vs. 25 mostra que tudo começou
por volta da meia-noite quando se sucederam uma série de acontecimentos (vs.
26-31). Depois Paulo e Silas pregaram para toda a família do carcereiro (vs.
32). A seguir o carcereiro foi lavar os vergões dos açoites de Paulo e Silas. E
então foram batizados naquela mesma noite (vs. 33). Mas era madrugada! Para que
tanta pressa? Paulo não podia nem mesmo esperar o amanhecer? O que os apóstolos
viam de tão importante no batismo para serem tão apressados em batizar?
Certamente que para eles não era apenas um símbolo. Tampouco era um testemunho
público de fé (em vários casos não havia público nenhum). Mas que era então?
Vejamos outros casos:
Crispo e outros (At 18.8): Novamente a
única condição para ser batizado era receber a palavra (criam e eram
batizados). Apesar de que aqui não fala que eram batizados no mesmo dia, também
não fala o contrário. Certamente que os apóstolos tinham uma só prática.
Os doze efésios (At 19.4,5): Logo que foram
ensinados sobre Jesus, foram batizados.
Vimos
então que a prática dos apóstolos era muito diferente do que a igreja pratica
hoje. Para eles o batismo era algo tão importante, tão fundamental e
indispensável, que quando alguém recebia a palavra era batizado imediatamente,
não importando quem fosse, nem que horas eram. O que era o batismo para eles?
Isto é o que veremos no próximo ponto...
O Ensino dos Apóstolos
Há vários textos nas cartas dos apóstolos que nos dão indicações e ensino sobre o batismo. A maioria destes textos fala das realidades espirituais que estão associadas ao batismo, sem dizer claramente o que É o batismo. Mas o texto de Gálatas 3.27 lança uma luz sobre o assunto:
Gl
3:27 “Porque todos quanto fostes batizados em Cristo, de Cristo vos
revestistes”.
Os
apóstolos não viam apenas um batismo nas águas, mas um batismo em Cristo. Era
mais que um símbolo, porque aquele que se batizava, pela fé era unido a Cristo,
mergulhado em Cristo, enxertado em Cristo e revestido de Cristo.
Alguém
poderia perguntar: Mas o que nos une a Cristo não é a fé? A resposta é sim. Mas
o batismo foi a maneira que Jesus determinou para esta fé se expressar e se
consumar. A água do batismo não tem nenhum poder em si mesma. Se alguém não
creu, nem se arrependeu (ou também uma criança), entrar nesta água, não acontece
nada. Mas se alguém desce a estas águas com fé, pela fé é unido a Cristo Jesus.
Aleluia!
Muitos
na igreja hoje pensam que há duas realidades separadas: uma realidade
espiritual interior e um sinal exterior que não passa de um símbolo. Quando a
pessoa crê, é unida a Cristo. Depois vem o batismo como um símbolo do que já
aconteceu. Por isso demoram tanto para batizar os novos. Mas os apóstolos não
viam assim. Eles viam que juntamente com o sinal exterior operava uma graça
interior pela fé daquele que era batizado. Por isso tinham tanta urgência. A
igreja hoje trocou o sinal exterior que Jesus estabeleceu por outros sinais
como “levantar a mão” e “ir na frente”.
Outro
texto que também lança luz sobre o assunto é Rm 6.3. É interessante notar que
aqui Paulo fala de duas coisas: uma que os romanos já sabiam e outra que talvez
ignorassem. O que eles já sabiam? Que haviam sido batizados em Cristo (esta é a
essência do batismo). O que eles ignoravam? Que como consequência estavam
mortos com Cristo (esta era uma das verdades associadas ao batismo).
Muitos
têm ensinado que o batismo significa morte e ressurreição com Cristo. Isto tem
boa dose de verdade, mas confunde um pouco o próprio batismo com as suas
consequências.
→ O batismo é basicamente uma coisa: união com Cristo.
Ser
mergulhado n’Ele. A morte do velho homem e a ressurreição de uma nova vida são,
juntamente com outras coisas, a consequência direta e imediata de sermos unidos
a Ele.
Enumeramos
abaixo todas as realidades espirituais que estão diretamente associadas ao
batismo:
1)
A morte de Jesus é a nossa morte. Portanto estamos mortos para o pecado (Rm
6.3,4,6; Cl 2.12; 3.3), para o mundo (Gl 6.14) e para a lei (Rm 7.4; Gl 2.19).
2)
A sua ressurreição é a nossa nova vida para servimos a Deus (Rm 6.4,8,11; 2Co
5.17; Ef 2.5,6; Cl 2.12).
3)
Sua exaltação é a nossa vitória sobre todas as potestades (Ef 1.20-23; 2.6).
Embora estes textos não se refiram ao batismo, é evidente que a nossa posição é
n’Ele. E foi no batismo que fomos colocados nesta posição.
4)
Temos o perdão dos pecados (At 2.38).
5)
Somos lavados e purificados (At 22.16). Aqui caberia a pergunta: Mas o que nos
purifica do pecado é o batismo ou é o sangue de Cristo? Certamente que é o
sangue de Jesus. Mas quando? Quando somos unidos a Ele pelo batismo.
6)
Somos salvos (Mc 16.16; 1Pe 3.21).
7)
Somos introduzidos no corpo de Cristo que é a igreja (1Co 12.13). Quando
estávamos no mundo éramos independentes de Deus e independentes dos homens
(ninguém tem o direito de se meter na vida de ninguém). Agora, não nos tornamos
apenas dependentes de Deus, mas também da sua igreja (submissão de uns aos
outros).
Conclusão
Deus tem uma grande obra para fazer em nós. Mas Ele não faz nada em nós separados de Cristo Jesus. Deus não nos trata isoladamente. Toda a obra que Deus tem para fazer em nossas vidas é em Cristo. Ele nos colocou em Cristo e toda a experiência dele se tornou a nossa experiência (lembre o exemplo da folhinha dentro do livro).
Como
podemos aniquilar a velha natureza? Não podemos. Mas Deus crucificou o nosso
velho homem com Cristo. Como podemos produzir uma nova vida? Não podemos. Mas
Deus nos deu a vida juntamente com Cristo. Como podemos vencer a Satanás? Em
nós mesmos é impossível, mas Deus nos colocou assentados nos lugares celestiais
(acima de Satanás) em Cristo Jesus. Toda essa tremenda vitória é possível
porque nós fomos Batizados em Cristo Jesus.
A firmeza e edificação de um discípulo de pende
diretamente
da revelação que ele tem de sua união com Cristo
da revelação que ele tem de sua união com Cristo
Algumas Colocações Finais
·
A fé e o arrependimento são condições indispensáveis para o
batismo (Mc 16.16; At 2.38). Por isso não devemos batizar crianças.
·
Se alguém pergunta como o ladrão da cruz foi salvo sem ser
batizado, a resposta é que Deus pode abrir exceções, mas nós não temos essa
autoridade.
·
Se você encontra algum irmão que crê ou pratica de uma forma
diferente sobre o batismo, você deve recebê-lo como irmão. O que ele faz, o faz
porque crê assim. Ele age conforme a sua consciência. É uma questão de fé e não
uma questão de vivência ou de pecado. Devemos, portanto, recebê-lo como irmão.
·
Ninguém pode se batizar “de novo”. Se alguém crê que o seu
batismo não foi válido (porque era uma criança ou porque não havia
verdadeiramente se convertido), então não foi batizado, foi molhado. Deve,
portanto, se batizar.
·
Se alguém diz: “Mas eu conheço casos de pessoas que não foram
batizadas e vivem em santidade”. Ou então diz: “Mas Lutero era homem de Deus e
cria no seu batismo infantil”. Nossa resposta deve ser que não podemos nos
dirigir pela experiência dos homens, mas pela palavra de Deus.
·
A palavra batismo tem origem na palavra grega bapto, que significa
mergulhar submergir. Mesmo em português é possível perceber esse significado
(Mc1:5, Jo3:23, At 8:36). Não se mergulha alguém num copo d’água, muito menos
em algumas gotas d’água. Por isso o batismo por imersão. Pois é a forma mais
próxima da realidade. Não importa se ele é feito numa banheira, numa piscina,
num rio ou lago. O importante é que haja água para mergulhar a pessoa. Em
alguns casos, por impossibilidade (pessoas mais velhas, por exemplo) o batismo
pode ser feito despejando-se água sobre o batizando. Este é chamado batismo por
derramamento.
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